quinta-feira, dezembro 07, 2006
Testes em Amsterdão (cont.)
Perdi-me muitas vezes em Amsterdão. É muito fácil. Muitas ruas estreitinhas, muitos becos apertados, muitos canais de referência enganosa. Não percebo porque deixam as pessoas fumar droga aqui. Sou obrigado a abrir o mapa vezes sem conta, apesar de já conseguir sair da pensão sem ele. De tanto abrir e fechar, começa a desfazer-se nas dobras. Espero que aguente. Só tenho este. Se ficar sem ele não tenho como voltar ao quarto. Ou encontrar uma loja de mapas. O que não impede que encontre vaginas de silicone. Nisso há que dar mérito á cultura holandesa.
Entro em várias sexshop. Percebo agora que existe muita coisa que desconheço no mundo. Vejo uma bola, talvez do tamanho de uma bola de praia, daquelas de encher, mas de material mais resistente. Mais ou menos no topo da bola existe um orificío, uma abertura em forma de vagina, com lábios vaginais salientes e alguns pêlos. Ignoro se são humanos. Isso não lhe retira mérito. Fico parado. O génio inventivo do Homem é uma coisa extraordinária. Estou tentado a colocar dois dedos na entrada, por curiosidade. Ainda levanto a cabeça para ver se está alguém a olhar, mas sinto-me constrangido. Dou mais uma volta pela loja e passo lá outra vez antes de sair. Uma casal de velhotes está agora junto á bola. Ele tem uma mão enfiada até ao relógio e diz qualquer coisa á mulher. Não consigo perceber o que é. Parece que a repreende.
Depois de esgotar vários quarteirões começo a aperceber-me de um padrão nas vaginas de silicone. As mais baratas são sempre a vinte e cinco euros. É precisamente a quantia que tinha estipulado gastar. E como já conheço bem a oferta não demoro muito tempo a escolher. Entro numa loja e agarro uma em que já andava de olho. Pego nela e vou ao balcão pagar. Não está ninguém a atender. Enquanto espero reparo num grande placar cheio de piercings. Afinal não é nenhum placar. É o senhor da loja. Pergunta-me o que desejo e eu coloco a vagina em cima do balcão. Ele pergunta «You want some "lub", with that?» E agora? Não sabia que era preciso lubrificante. Mais dinheiro. Digo que não. «No??», diz ele. Digo-lhe que não preciso. Mais tarde vou lamenter este erro. Ele assenta com a cabeça; depois pergunta «You will need a bag or you want to try it right know...?» Tenho vontade de dizer que nem uma coisa nem outra, mas que posso levá-la já colocada. Infelizmente estou muito nervoso, não consigo responder á altura. Esboço um sorriso muito forçado «A bag, please.» Quando saio da loja ainda o oiço dizer, «Have fun!»
Depois de uns meses de testes, chego a esta conclusão: as vaginas de vinte e cinco euros revelam-se insuficientes. Talvez sejam úteis, durante uns tempos, como complemento ao Sábado. Mas não para uma actividade diária. No entanto são boas para quem quiser começar.
posted by: João @ 15:38
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4 Comments:
Ainda não tive tempo de ler este texto com atenção, mas hoje ainda o leio
bjs
China
Obrigado, único amigo.
Como queres tu que comente um texto, ou vários, sobre vaginas de silicone??? não tenho como...
Bjs
Su
Meu amigo a cada texto que passa tu consegues me surpreender, está um espectáculo. Adoro o tema sobre as vaginas de silicone, pois poderá a única actividade sexual para a qual ainda podemos ter sorte nos próximos meses
bjs
China
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