sábado, novembro 04, 2006
Momentos difíceis
Tenho 34 anos. Já passei por momentos difíceis, como toda a gente. Um foi frente ao médico, perguntei-lhe por perspectivas, ele disse:
- Perspectivas? O seu tio? AH AH AH AH AH!! Perspectivas!! AH AH AH AH AH!!! Essa é boa!!
- Quer dizer que...
- Claro, homem! O seu tio?? Hello??
Outro. Uns dias depois, no vão da escada do hospital, um cubículo nojento de azulejos brancos e luz ferrugenta, eu sentado com a minha tia, num daqueles bancos corridos de madeira, ou bancos de madeira corridos, não tenho bem a certeza agora, a memória, 34 anos, momentos difíceis, lá lá lá... bom, era um banco de madeira, corrido, de madeira. Eu sentado com ela; ela a desabafar com a senhora ao lado.
- As minhas artroses...
- Perspectivas? O seu tio? AH AH AH AH AH!! Perspectivas!! AH AH AH AH AH!!! Essa é boa!!
- Quer dizer que...
- Claro, homem! O seu tio?? Hello??
Outro. Uns dias depois, no vão da escada do hospital, um cubículo nojento de azulejos brancos e luz ferrugenta, eu sentado com a minha tia, num daqueles bancos corridos de madeira, ou bancos de madeira corridos, não tenho bem a certeza agora, a memória, 34 anos, momentos difíceis, lá lá lá... bom, era um banco de madeira, corrido, de madeira. Eu sentado com ela; ela a desabafar com a senhora ao lado.
- As minhas artroses...
- Ah, minha senhora... e as minhas...
- Sim, mas as minhas...
- E as minhas também...
- Está bem, mas as minhas... não queira comparar...
- Ora essa! Então não comparo porquê, minha senhora?
- Porquê?? Então a senhora já viu bem a minha coluna?
- A sua coluna, minha senhora? Então e a minha coluna, minha senhora?
- Mas eu tenho duas colunas, puta que pariu!
Estão elas nisto, e o médico aparece. Diz que precisa falar comigo. Já sabia. Desce as escadas. Vou com ele. A meio das escadas, pára. Já sabia. Volta-se para mim. Já sabia. Antecipo-me.
- Então, doutor?
A forma como mexe o corpo antes de falar; a inclinação da cabeça; a pausa quase imperceptível. Depois as palavras.
- Já desconfia porque é que quero falar consigo, não é?
- Sim... Desculpe.
- Como?
- Peço desculpa.
- Não compreendo...
- O meu tio está aqui internado. Estou sob uma grande pressão.
- Sim...
- PRONTO! FUMEI UM CIGARRO CÁ DENTRO! É ISSO QUE QUER OUVIR??
- Não... o seu tio não aguentou e...
- Então... ah!!... pois, olhe, desculpe lá, é que pensei...
posted by: João @ 00:39
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2 Comments:
Ainda bem que~a não foste catado a fumar, afinal foi só o teu tio que morreu
bjs amigo
China
Vá lá, safou-se o dia...
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