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terça-feira, outubro 31, 2006

De boca aberta


Sábado de manhã. Um dia lindo. Os dois na cama.

- Ahh!, dormi lindamente... Estou óptima da cabeça!

- A sério?!

- Infelizmente estou com uma infecção vaginal tramada.

- Bom, isso...

- E uma zona facial. Apanha-me este lado da cara, e a boca toda.

- Ah,...

- ... e hemorroidal e caroços nas mamas, nas duas, e artroses e bicos de papagaio. Na verdade, nem consigo mexer-me. Traz-me o pequeno-almoço, por favor.

Ele foi buscar. Veio com o tabuleiro nas mãos e uma idéia na cabeça.

- Vou sair.

- Vais sair?

- Vou sair.

- Onde é que vais?

- Vou á rua.

- Vais á rua?

- Vou á rua.

Saiu do prédio e entrou no carro. Colocou a chave na ignição e agarrou-se ao volante. E agora? Nunca tinha ido ás putas antes... Decidiu que, para começar, optaria pelo sexo oral. Uma mamada parecia-lhe apropriado. Estimava que 20 euros chegassem, mas e se fosse mais? Pior, se durante a mamada lhe apetecesse mais, com a excitação e isso? Faria as contas a 40 euros, era mais certo.

Só um problema. Não tinha dinheiro. O ordenado dele já não existia. Estoirou-o todo na bolsa. Foi o que ela pediu nos anos. Só lhe restava uma saída. Ligou o carro e arrancou para casa dos pais.

- Bom dia, pai. Tudo bem? Excepto esse cancro que o come por dentro, claro...

- Ah, filho, ainda bem que chegas. Ajuda-me aqui a mover o pulmão de aço da tua mãe.

- A mãe já morreu, pai. Porque é que ainda não se livrou disso?

- É um local seco. Serve-me de adega, agora.

- Preciso de 40 euros, pai.

- É para emprestares a um amigo teu para ele ir ás putas pela primeira vez porque já está farto de nem ao Sábado ter sexo e da masturbação também já não lhe chegar?

- Sim, sim!

Com dinheiro, acelerou em direcção á mata. Sabia que havia um mata para aqueles lados. Tinha lá passado uma vez, por acaso, quando reparou em carros parados e em mulheres á beira da estrada a cada 100 metros. Havia variedade: altas, baixas, gordas, magras, velhas, novas, pretas, brancas, amarelas... Estava ansioso e excitado. Como escolher? De repente lembrou-se do pai e o coração ficou mais pequenino. E se o dinheiro não chega? Não queria pensar nisso agora. Lá estava a placa a indicar o desvio:

MATA DE PUTA, 1 KM ->

Cortou para o alcatrão danificado. Andou um bocado até a estrada entrar pela mata. Começou a ver carros parados. Depois mais carros, todos encostados á berma. Viu uma mulher, talvez quarenta anos, gorda, sentada num caixote á beira da estrada. O coração batia agora mais rápido. Começou a suar. Calma, pensou. É só uma mamada.

- Bom dia...

- Tudo bem?

- Quanto é o "beijinho"?

- Desculpa?

- O "beijinho"...?

- OLHA LÁ, Ó CARALHO, ESTÁS A BRINCAR COMIGO, Ó CARALHO??

- ...?!

- SOU UMA PUTA SÉRIA, Ó CARALHO! COMIGO SÓ DE BROCHE PARA CIMA, Ó CARALHO, Ó CARALHO!!

Arrancou a toda a velocidade. A coisa não correu bem. Se calhar não estava a utilizar o jargão correcto. Só podia ser isso. Estas pessoas têm um vocabulário muito próprio. É preciso comunicar na sua lingua. Ia tentar novamente, mais á frente. Lá estava mais uma. Era mais nova, esta. Magrinha, cabelo curto.

- Bom dia...

- Tudo bem?

- TÁ-SE BEM, PORCA! SUA PORCA!! SUA VACA!! SUA CABRONA ORDINÁRIA!!

Ela não disse nada e ficou só a olhar para ele.

- COMO É??! VOU-TE REBENTAR ESSA PUTA DE BOCARRA BADALHOCA, OU QUÊ?

Quando ela retirou uma bola de bilhar da bolsa ele arrancou a toda a velocidade. Isto não estava a correr nada bem. Começava a enervar-se e custava-lhe pensar. Tinha de manter a serenidade. Parou o carro e entrou na mata. Voltou 5 minutos depois, muito mais calmo.

Precisava decidir como fazer a pergunta. É dicíl chegar a esta gente. Reflectiu no que se tinha passado e optou tentar uma abordagem situada entre as outras duas. Continuou pela estrada fora até encontar uma mulata, cabelo pintado de laranja, bem fornecida. Estava a fumar um cigarro e pareceu-lhe bastante descontraída. Resolveu encostar o carro junto dela.

- Bom dia...

- Tudo bem?

- A quanto fica o sexo oral, barra "beijinho", barra mamada?

- 30 euros.

- Trinta??! Foda-se! Vai mas é mamar no caralho!

E arrancou a toda a velocidade.

posted by: João @ 23:05

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domingo, outubro 29, 2006

Mad Dog Vera


- PAREM AS MÁQUINAS!! PAREM AS MÁQUINAS!!


- Quais máquinas, Vera? O escritório só tem esta mesa.


- O Sousa saltou!!


- O Sousa, o quê...?


- Para a linha do comboio! Ele saltou para a linha do comboio!


- Malditos temporários! Disseste-me que este ia aguentar o trabalho, Vera!


- Eu sei, chefe...


- E agora, Vera? Temos um cliente no comboio atrasado para o trabalho! Se não estiver ninguém na linha, não há álibi evidente!


- Pensei que o Sousa se aguentasse...


- Preciso de alguém na linha 4 de Entrecampos, Vera! Agora!!


- Posso ligar ao Costa...


- O Costa não empurra ninguém em linhas pares. Diz que se não for assim, não consegue.


- E o Ribeiro? O Ribeiro mora lá perto e...


- Estado. Têm melhores condições que nós, mais linhas, deixam-no escolher quem "salta", não consegui segurá-lo.


- Então...


- Tens de ser tu, Vera! Já não há tempo.


- Eu, chefe?!


- Diz-me, Vera, amas este trabalho?


- Sim!!! AAAHHHHH!! O poder!!! Consegue senti-lo, chefe?? AAAHHHHH!!


- Ouve, Vera...


- AAAHHHHHHH!!!! O PODER!!!! AAAHHHHHHH!!!!


- Só precisamos de uma pessoa, Vera, só isso.


- O senhor é uma pessoa muito humana, chefe.


- Mais pode ser contraproducente.


- Sim, sim. Uma pessoa, só. Uma pessoa estúpidazinha e nojenta e inútil e miserável, com as suas rotinazinhas fúteis e a sua vidinha asquerosa e imprestável e...


- Um pessoa qualquer, Vera.


- ...imprestável nojenta imprestável nojenta imprestável nojenta imprestável nojenta...


- Quero uma coisa limpa, Vera. Estás a ouvir?


- Claro, chefe!


- Não quero sangue na plataforma.


- Claro, claro!


- Alguém podia escorregar.


- Certo!


- Podia até cair á linha.


- Não queremos isso!


- Vai lá então, Vera. Vai buscar, anda! Busca, Vera! Busca!!


- Chefe...?


- Sim... ah!, deixa só desamarrar-te...

posted by: João @ 20:40

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sábado, outubro 28, 2006

Aqui vou ser feliz!!!



- Estou?

- Sim,... Vera?

- Sim?

- Vera, sou eu, o Sousa.

- Ah, Sousa! Desculpa lá, não estava a conhecer o número...

- Olha, vou chegar atrasado, Vera.

- Então?

- Atirou-se alguém para a linha do comboio.

- Para a linha do comboio?!

- Sim. Tens alguém em Sete Rios?

- Não, quer dizer, só tu, mas tu vais fazer Entrecampos.

- Então houve um maluco qualquer que saltou...

- Pronto, mas tens que ir a Entrecampos á mesma. Tem que ser lá.

- Tudo bem. E quem vai ser?

- Pois, espera lá...

- Pode ser uma criança?

- Não, Sousa. Não comeces com isso, por favor... O miúdo é para quando as pessoas voltarem todas de férias.

- Nunca me deixam fazer miúdos...

- Ora deixa lá ver... o que é que foi ontem?

- Ontem foi uma gorda, com uns sacos na mão...

- Ah, exacto! Então hoje é um cego.

- Um cego?

- Um cego com cão-guia.

- Com cão-guia, Vera? Não pode ser um cego tradicional, com bengala?

- Não pode, Sousa.

- Então e dois cegos tradicionais?

- Não, Sousa. Tem de ter cão-guia.

- Dois cegos tradicionais e um velho, pronto!

- Sousa, ouve...

- Dois cegos tradicionais e um velho acompanhado do neto, para a imagem marcar o miúdo o resto da vida!

- Outra vez o miúdo... Tu és lixado, Sousa!...

- Não gosto de fazer mal a animais, Vera. Não sou nenhum monstro...

- Sabes que este trabalho é assim, Sousa.

- Só quero que alguém me ame...

- É dificil, mas está-nos no sangue!!

- Só quero carinho...

- Poder, Sousa! Sente só... AAAHHHHH! Poder!!! Consegues senti-lo, Sousa? Consegues?? Sousa? Sousa...?

posted by: João @ 14:41

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Post de 6ª feira (atrasado)


BUCHO

Ingredientes
.Costoletas
.Orelha
.Coiros
.Rabo
.Alho
.Pimentão
.Pimentão picante
.Água
.Vinho
.Sal
.Bucho de porco (estômago)

Preparação
Corta-se a carne em pequenos pedaços e deita-se num alguidar de barro. Tempera-se com alho moído, vinho, sal, água, pimentão e uma pitada de pimentão picante e mexe-se muito bem.

Deixa-se repousar durante dois ou três dias, mexendo uma vez por dia.

Finalmente, enche-se o bucho do porco.

A cura é feita no fumeiro durante duas ou três semanas (conforme a humidade do ar), sempre a uma temperatura constante.

posted by: João @ 00:52

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quinta-feira, outubro 26, 2006

Esta cabeça, esta cabeça...


Terça-feira caiu uma carga de água que, meu Deus... Nesse dia, á porta do prédio, estava um pastor alemão, ainda novinho, muito bonito, perdido do dono. Estava muito assustado e todo molhado de estar á chuva.

Ele devia estar a arranhar a porta da entrada, ou a ganir, ou qualquer coisa, porque o meu vizinho do 1º direito estava á janela, no meio do temporal, a atirar-lhe água por uma garrafinha, para ver se ele se ia embora.

posted by: João @ 19:31

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quarta-feira, outubro 25, 2006

Olá!, que barriga é essa...?!


Há quase 11 meses que vou de comboio para o trabalho. Sempre atrasado para lá, sempre á hora certa para cá. Gosto de chegar cedo a casa. Acho que tenho essa responsabilidade.

Do comboio já conheço outras pessoas, de vista, que também já me conhecem, de vista. Vá lá, uma pessoa, de vista, pronto. Uma mulher.

Ela é uma mulher nos seus trinta e tal, quatro, ou cinco, não sei, anos. Um metro e setenta e(?)... dois, loira escura, cabelos abaixo dos ombros, lisos, olhos grandes. Tem uma postura discreta. Desde o primeiro dia que sinto ali uma candura, uma docilidade quase infantil; mas também um carácter dominante, talvez pela intensidade com que ela projecta o olhar, pelo menos é essa a sensação que tenho. Mas isso não interessa, são apenas considerações, consigo ver além disso. A realidade é que ela é bem boa.

Há uns meses atrás, poucos, noto que ela está grávida. Isto para mim foi um choque! Não era meu, de certeza. Mas mesmo assim; liguei-me a esta pessoa; é a única a quem dou os bons dias, de vista; não faço isso a mais ninguém; com os outros é só vista, mais nada. E descobrir assim, no comboio, que ela está grávida...

Tenho vontade de abordá-la.

- Então, como é...?
- Desculpe?
- Como é!!!
- Desculpe, mas...
- PENSAS QUE NÃO SOU CAPAZ DE ARMAR BARRACA NO COMBOIO, É ISSO?? É ISSO QUE TU PENSAS???
- Olhe!, o senh...
- OLHA QUE TU NÃO ME CONHECES, Ó PORCA!!! OLHA QUE TU SÓ ME CONHECES DE VISTA!!!

Agora já aceito melhor as coisas. Conheci-a enquanto ainda não se notava a barriga, e agora. Tenho acompanhado esta fase, vejo a evolução de dia para dia, vejo a criança crescer. De alguma forma sinto que tenho responsabilidades, de vista.

Tenho de me decidir e meter conversa com ela. Chego lá, muito educadamente, apresento-me, exponho-lhe a situação, como vejo as coisas, e digo-lhe que temos de começar a planear o futuro. Que quero ter parte activa no crecimento do bébé e influência na sua educação. E que não me arranje problemas, que não se ponha com merdas, que os tribunais estão aí é para isso.




posted by: João @ 19:45

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terça-feira, outubro 24, 2006

...

Há quase 11 meses que vou de comboio para o trabalho. Sempre atrasado para lá, sempre á hora certa para cá. Gosto de chegar cedo a casa. Acho que tenho essa responsabilidade.

Do comboio já conheço outras pessoas, de vista, que também já me conhecem, de vista. Vá lá, uma pessoa, de vista, pronto. Mas acontece que... pessoa... vista... acontece que... sentada...

... pronto, já está... bloqueei... estou com uma transparência... logo agora...

O que é chato, nesta condição, é que não chega a ser uma branca. Com uma branca não consigo escrever. Com a transparência posso, menos sobre o que quero. Se tentar, aparecem reticências. Não dá para fugir, é lixado!

Mesmo agora, escrever isto, está a dar-me muito trabalho. A intervalos regulares tenho de levantar a cabeça e fingir que estou a pensar e dizer em voz alta "AH!, POIS, É ISSO, O MAR, VOU ESCREVER SOBRE O MAR" para distrair a transparência. Caso contrário... corro sério... caso contrário... risco...

posted by: João @ 19:27

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segunda-feira, outubro 23, 2006

O sistema


Quando a cliente á minha frente entregou o multibanco á rapariga da caixa e o cartão não passou á terceira, comecei a organizar as compras que tinha em cima do tapete.

Já conheço a empregada. É uma mulherzinha imbecil, que vai insistir em passagens atrás de passagens atrás de passagens atrás de passagens, pensando sempre muito entre cada uma delas

"Ora bem... não passou... portanto... não passou, não passou... hein!, como é que eu me chamo??... ah, sim, portanto... ora, não passou..."

e, muito devagar, volta a insistir

"Ora bem... não passou... portanto... não passou, não passou... hein!, que lugar é este?? Onde estão os Massai?? Para que lado é África??... ah!, sim, portanto... ora, não passou..."

até a cliente se sentir desconfortável e pagar em dinheiro. Acontece que a cliente, que conheço de vista, é uma mulherzinha imbecil que vive meia-hora atrasada no tempo e que está a pensar

"... e ovos e batatas e leite e pão e salada e queijo e azeite e chourição e peixe e fruta e guardanapos e lixivia e espetadas e óleo e pimenta..."

sem perceber que já fez isso tudo e que já está na caixa para pagar. Portanto, tenho meia-hora para organizar as compras.

Primeiro tenho de identificar objectivamente o que está sobre o tapete, o que faço com relativa facilidade: são compras.
Pronto, esta parte já está! Estou a avançar bem, estou num bom ritmo.

Agora tenho de me interrogar "Ok, compras. Mas que tipo de compras? Alguma coisa específica?" Sim, são compras para casa. Ou seja, este local onde me encontro é um supermercado e estou a fazer compras lá para casa. Sim sim, este sistema está realmente a ajudar-me. Por isso, continuo. Um olhar mais atento, mais agudo, de alguém que realmente gosta e sabe observar, revela-me que as compras estão todas juntas. Sendo assim, tenho que as dividir.

Começo pelos grandes grupos. Identifico de imediato dois deles: alimentação e higiene pessoal. Separo a comida para um lado e o super-desengordurante para outro. Agora tenho dois grupos. Posso fazer sub-grupos? Posso, com a comida. Alguém que se inicie com este sistema pode facilmente cair na tentação de tentar fazer um sub-grupo com o desengordurante. Não vale a pena. Sei disso porque já o fiz. Cheguei a ir de propósito ás prateleiras comprar mais coisas só para ter elementos suficientes para montar sub-grupos. Desisti depois da vez que saí de casa para comprar queijo e voltei com 180 euros em compras.

Mas com a comida tenho variedade, estou tranquilo para trabalhar. O sistema diz-me para separar as coisas consoante os géneros. Por exemplo, coloco os lacticínios de um lado e a manteiga e os iogurtes de outro. E prossigo sempre da mesma maneira, seguindo sempre esta ordem. Crio sub-grupos dentro de sub-grupos dentro de sub-grupos, infatigável, alheio a tudo e totalmente absorto.

Ao fim de algum tempo já tenho tudo como quero. Olho para trás e procuro outros clientes, em busca de aprovação. Não está lá ninguém. Passaram todos ás outras caixas. Afasto-me ligeiramente, como quem dá um passo atrás para ver melhor um quadro, e reparo que as compras estão todas juntas outra vez.

Ao que parece exagerei. Em vez de uma estrutura em árvore, que era o que eu esperava, tratei cada elemento como um sub-grupo e agora tenho uma data de sub-grupos vazios, todos juntos em cima do tapete, como todos os outros clientes nas outras caixas, que se estiveram a cagar para esta merda.

Fui-me embora e mandei vir pizzas.

posted by: João @ 23:57

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sábado, outubro 21, 2006

Iluminados


No geral, estou a gostar do blog. Agrada-me vir cá. É uma coisa que faço com alegria.

É uma nova rotina; é uma nova rotina no meio de tantas outras rotinas; é uma nova rotina no meio de tantas outras rotinas do meu dia; é uma nova rotina no meio de tantas outras rotinas do meu dia que acaba por se diluir; é uma nova rotina no meio de tantas outras rotinas do meu dia que acaba por se diluir insignificantemente; é uma nova rotina no meio de tantas outras rotinas do meu dia que acaba por se diluir insignificantemente como todas as outras; é uma nova rotina no meio de tantas outras rotinas do meu dia que acaba por se diluir insignificantemente como todas as outras rotinas; é uma merda, vir ao blog...


Mas agora é tarde demais

Agora

Já está criado

Agora

É aguentar como um homem

Ser puta

De um blog


Olha!, cá está! Olha que isto...! Fiz um poema!! Podia muito bem ter escrito "Mas agora é tarde demais. Agora já está criado. Agora, é aguentar como um homem ser puta de um blog.", mas não, quebrando as linhas ao calhas, dando espaços á bruta e colocando maiúsculas no inicio das frases criei algo profundo, cavado do interior, algo enorme e assustador, tão impenetrável que...

...

Mas não

Quebrando as linhas

Ao calhas

Dando espaços á

Bruta

E colocando maiúsculas

No inicio das frases criei

Algo profundo

Cavado

Do interior

Algo enorme e assustador

Tão impenetrável

Que


... meu Deus... o meu talento é assustador...!!

posted by: João @ 23:34

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sexta-feira, outubro 20, 2006

Por detrás desta porta


Gosto de espreitar pelo olho mágico da minha porta. Ver quem anda nas escadas do prédio é uma coisa que realmento aprecio.
Nem sempre tive este hábito, mas a maturidade descobre prazeres que antes não estavam lá... observar quem entra... ver quem sai... com sorte, escutar alguma conversa... não sei, descontrai-me... Mas tudo, claro, a coberto do anonimato!

Milhares devem fazer o mesmo. Sempre existiu e existirá gente para isto. A diferença é que nem todos o fazem da mesma forma. Há muita gente que o faz por vício, que ao ouvir um barulho na escada se agarra ao olho mágico quase por reflexo, muitas vezes de forma desleixada, rude, como se fosse uma OBRIGAÇÃO, e, consequentemente, não retirando prazer nenhum, ou quase nenhum, do acto.

E existe outro tipo, do qual gosto de pensar que faço parte: o connaisseur

As diferenças entre os dois grupos são significativas:

Em primeiro, o connaisseur, como faço parte do grupo, não tem sexo.

Em segundo, não chama olho mágico ao olho mágico. O connaisseur, porque é connaisseur, chama-lhe oeil magique.

Em terceiro, o connaisseur, durante a contemplação, se tiver que falar, o que é raro, só o faz em francês.

A contemplação em si também é distinta. Aqui todo o acontecimento é objecto de uma planificação atempada e extrai-se o máximo do tempo de observação; não se vai espreitar á bruta por dá cá aquela palha, por donne ici cette paille, há que tentar perceber quais são as horas de maior fluxo.

E depois existem técnicas várias, dependendo da pessoa. Pessoalmente, gosto de fazer as observações em pelota. Penso que é a forma mais natural. Outro pormenor é a luz, que tem de estar apagada. Se a luz da escada se apaga enquanto a pessoa passa junto á nossa porta, o que é improvável, mas pode dar-se o caso, a luz da entrada pode denunciar-nos pela sombra que projecta por baixo da porta. Muita gente não pensa nisto.

Há que também ter atenção com os insultos: não se pode insultar o vizinho sem mais nem menos, mesmo que se tenha a luz apagada. Se for situação disso, o melhor é esperar até que ele passe junto á nossa porta e, nesse momento, fazer voz grossa e abafada e dizer arrastadamente "POORRRRCCCCCOOOOO!" (ou "POORRRRCCCCC!", se for connaisseur ), para ele não detectar a proveniência do som.

Existem mais técnicas, que nem toda a gente domina. Muitas pessoas nem pensam que o seu olho mágico pode não ser o mais adequado para a porta que têm. E mesmo que seja, muitos deles podem não estar em condições excelentes para o vislumbre. É necessário uma inspecção periódica, o que nem toda a gente faz. Ter lá o selo verde faz diferença.

Voltarei ao assunto mais tarde.

posted by: João @ 19:58

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quarta-feira, outubro 18, 2006

Ânimo, então! Nem tudo é a preto e branco!


Hoje tive que me obrigar a vir ao blog. Ando aborrecido o problema do trabalho e estou sem disposição para nada.

Como invejo as pessoas que conseguem sorrir sempre...

... e outras, que já não sorriem, mas que também já não têm que se preocupar com esse tipo de coisas.

posted by: João @ 20:56

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terça-feira, outubro 17, 2006

Momento difícil durante a crise do carimbo


posted by: João @ 14:16

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segunda-feira, outubro 16, 2006

Maldito economato!


Pronto, já é oficial. Vou ficar sem trabalho.

-... blá blá blá gostamos muito de si blá blá blá infelizmente blá blá blá estou a ser o mais sincero possível blá blá blá tenho muita pena...

Nada que eu não soubesse, ou desconfiasse, por isso recebi a notícia com naturalidade. O futuro de um temporário é sempre a prazo. Hoje, estamos aqui, e, amanhã, estamos ali. Não é uma vida fácil... não é uma vida nada fácil... não é uma vida... ambiente...

Mas o futuro é para a frente! O futuro é para a frente!! Por isso eu olhei-o bem fundo nos olhos azuis e disse:

- Vá lá...

Que não podia ser. Que a nova administração decidiu proceder a alguns ajustes e que agora a linha de orientação estratégica da empresa passava por uma política de não me contratarem a mim.

- Compreendo - disse eu. E era verdade. Os quadros estão cheios, mas as empresas têm que crescer e por isso aliam-se a parceiros estratégicos como o são as empresas de trabalho temporário. E continuei o meu raciocínio:

- e tal e tal e tal os quadros estão cheios e tal e tal e tal crescimento sustentado e tal e tal e tal parceiros estratégicos e tal e tal e tal trabalho temporário

Que não era nada disso. Que havia até bastante espaço; que haverá sempre lacunas; que ia entrar mais gente nova, com bons seguros de saúde, a ganhar bom dinheiro, novos temporários, com direito a carro e lugar na garagem, pessoas com óptimas perspectivas de sexo casual. Mas também que sim, que a empresa precisava de crescer; que a exigência dos clientes era mais elevada; que os padrões de excelência eram mais elevados e que eles simplesmente, comigo lá, não iam conseguir isso.

"O carimbo!", pensei eu. Só pode ser essa a razão! Devo ser o único na empresa a não ter carimbo. E os processos antes de serem enviados por fax têm de ser todos carimbados e toda a gente tem um carimbo com o seu nome, mesmo outros temporários, nem que seja um carimbo com o nome do departamento, onde depois assinam por cima. Mas eu não. Eu ainda uso o carimbo dos outros. Estou lá há 9 meses e ainda não tenho carimbo. Claro! Ainda não deixei a minha marca.

E fiquei a remoer nisto durante um bocado; a remoer a remoer a remoer a remoer a remoer a remoer a remoer a remoer a remoer; até que afastei a idéia por achá-la parva. Levantei-me, e quando me preparava para sair ele tossiu e disse:


- Carimbo!! ghnf ahrm cof!




posted by: João @ 20:08

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domingo, outubro 15, 2006

Momento difícil durante a crise do template


posted by: João @ 12:56

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sábado, outubro 14, 2006

Em busca do nada

Já estive a ler os comentários. Compreendo. Vivi para o template durante meses. Ia para o trabalho, é verdade, mas sempre com a ânsia de chegar a casa para alterá-lo, vezes e vezes sem conta, sempre em busca do ambiente ideal, do equilibrio, da harmonia perfeita; sempre em busca de algo tão belo, tão gentil, que, apenas pela comtemplação, aliviasse de alguma forma a profunda necessidade que tenho em que chegue o próximo Sábado para ter sexo novamente. Por isso, aprendi html.

Aprender html fez-me ver distintamente 2 coisas:

1 - Uma pessoa pode enlouquecer com html
2 - O html não faz com que uma pessoa tenha mais sexo

Durante a febre pela busca da aparência adoptei um método simples, mas muito eficaz:

- Tudo o que fosse template era identificado e colocado em pastas amarelas sem condições nenhumas

- Quando as pastas amarelas sem condições nenhumas estivessem a rebentar pelas costuras, os templates eram descarregados num blog

- Uma vez no blog, procedia-se a nova selecção: um olhar transversal bastava. Se não tivessem utilidade eram eliminados. Caso contrário, era apagado o nome, atribuido um número, e de seguida procedia-se a experiências em html.

Fiz muitas experiências em html. Como é óbvio, não posso precisar o número de templates envolvidos nisto, apenas que tudo foi para além de qualquer dimensão da vergonha. Acordei muitas vezes de noite, encharcado em suor, a gritar "head! head!", ou coisas como "Tags! #sidebar!! #sidebar!!". Até que um dia, durante uma mutilação, achei que estava a levar aquilo tudo longe de mais. O que me despertou foi o facto de alguém ter entrado na sala e perguntar:

"Porque é que estás em frente ao computador todo nú só vestido com esse boné, essas botas de cano alto e essa gabardina preta a dizer SS no braço?"

Vejo agora que desperdicei meses em busca de nada. Descurei a limpeza, a minha higiene pessoal e tempo útil de masturbação para coisa nenhuma. De maneira que escolhi um template do blogger, não é o que eu desejava, é certo, mas ao menos é algo concreto e já consegui colocar um post. A recuperação é lenta, um dia de cada vez. Hoje não vou mudar o template.

posted by: João @ 01:40

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sexta-feira, outubro 13, 2006

Com letras cá dentro

Mantenho este blog há quase um ano. Foi um local criado para apontar momentos; reflexões, pensamentos, algo de interesse da minha vida. Como já estou farto de ver o blog em branco, hoje decidi escrever qualquer coisa. Só para ver como fica com letras.

posted by: João @ 11:46

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